quinta-feira, 29 de março de 2012

Despejo

     O olhar atônito ainda não conseguia explicar ao cérebro a profundade do que via. Na calçada, aos poucos, os poucos objetos que tinha iam sendo empilhados, desprovidos, assim como aquele olhar atônito, do que chamara de "casa" há um certo tempo.

    Em seu colo, outro olhar - e este confuso - buscava também uma explicação para a cena tão incomum. Mais que isso, buscava a origem da real causa do sereno rio que descia pelo rosto de quem lhe abraçava fortemente.

     O proprietário, volta e meia, vinha ter com os dois, sempre dizendo que sentia muito. E ela já não sabia mais o que sentia... raiva? Arrependimento? Onde estariam os que com quem dividia a modesta casa naquele bairro? Onde estariam os que recebiam dela a parte do aluguel, incluindo os últimos meses requeridos pelo proprietário? Ali, na rua, somente ela, o pequeno em seus braços e as suas poucas coisas... como se naquela casa somente eles e a dívida desconhecida fossem inquilinos.
   
     Chegara do trabalho, para onde levava o menino, bem a tempo de ver tudo.

     "Agora é tentar de novo", pensou, enxugando o rosto. Como quando acabara de chegar da Bahia na Terra da Garoa. 

      Ela tinha o que precisava: força de vontade, fé em Deus e o pequeno em seus braços.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Março

 Primeiro do terceiro
de uma casa de doze,
feito em luz e alva paz
(e Deus o fez assim!)
Primavera antecipada,
luz de Sua aurora emanada,
com perfume de jasmim.
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E a cada março mais encantada, essa menina flor de cachos!!  
Yasmin Silva