sexta-feira, 28 de junho de 2013

Sem Cinismo

Não tive carrossel.
Tive carroça.
Com praias luares e oceanos
não fiz sala,
um dedo sequer de prosa,
nem de longe.
São por montanhas sinuosas
cactus e desenganos,
que faço minhas escalas
para onde? não sei...
A nua gleba verde mãe,
não quis saber de mim,
mas nem um pouco eu me importei com isso...
Árida serventuária da solidão
e da pobreza,
foi a terra nua que me
abortou de suas entranhas secas
e desventuradas.
E certamente alguém pensou:
mais um que nunca na vida será nada...
Acertou? parece.
Mas como sou,
está ótimo!
 
 

sábado, 1 de junho de 2013

Casulo

Em casulo de menino, vivia o homem. Parecia menino, sorria menino, sonhava menino. Mas já deixara de o ser há tempos, sem perder a essência, no entanto.

O casulo não condizia com o conteúdo, começara a pensar. E galgou parti-lo, em busca dos sonhos que pudessem ser inalcançados por meninos. Todos em prol de um, que podia se resumir em olhos e sorrisos profundos.

O que descobriu foi que, mais dia ou menos dia, o casulo cairia em bandas. E que a conquista dos seus sonhos dependiam diretamente do menino.

Se voltaria a sentir os olhos e o sorriso novamente, isso ele não sabia. Mas o casulo também já não importava, pois descobriu também que o menino lhe habitava no interior.

Enterrou seu casulo e seguiu. Soube que as coisas viriam por merecimento e não por aparências.


Desalinho

Sobre o branco do papel
ainda madrugando
escrevo estas palavras sem vontade
alguma de escrever nada.
O universo aqui não cabe
com suas melodias intensas
acontecendo desde o princípio
do mundo até o fim...erros e acertos.
As letras vão sugerindo
frases de desalinhados nexos vazios,
vírgulas e pontos indecisos.
Tudo porque parte do que não quero expor
escondeu-se sob o que era branco,
onde escrevo estas palavras,
sem vontade alguma de escrever nada.