segunda-feira, 29 de julho de 2013

Guerreira

Nascera distante, a oeste baiano.
Criara-se em roça, ela e mais sete.
Crescera expiando os pecados dos filhos alheios,
Que a toda sorte de molecagem lhe faziam cair-lhe
Perdera a mãe aos seis e a irmã que ela lhe daria
Seguiu como acreditava que deveria
Sem incomodar e sem reclamar
Processando mágoas e esquecendo-as
Virara mãe com planos feitos,
Mas a vida foi mestre em mudá-los de curso
O do meio seguiu-lhe o perfil –
Se tão bom não se sabe –
O mais novo foi mais forte.
Vivera para a família e por ela sofrera
Sem, porém, arrepender-se
Respirara o frio da terra da garoa
E dele protegera a razão de sua vida
Chorara escondida a cada sensação
De impotência e incapacidade,
Mas secara o rosto a cada vez que lhe era visível
A altura das mudas que na terra plantara
Desistira dos asfalto por gosto terceiro
Pra roça voltara sem muita esperança
Mas cuidara tão bem das suas crianças
Que tão logo os vira na vida letrados
Um se apartara – os estudos dobrados
O outro lhe dera um neto bem lindo
Uma nova razão de viver vinha vindo
E o gosto em viver sentia voltando
Se contares os dias que vivera chorando
Ainda assim lhe dirá em resposta
Que feliz ela foi nessa vida vivida
Da forma escolhida e nos trilhos eleitos


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